Já pensou desperdiçar um terço da sua vida em uma atividade em que você não se sente realizado ou envolvido?
Pois é; isso está acontecendo para muitas pessoas. Segundo a pesquisa do Instituto Gallup, 85% das pessoas não se consideram engajadas ou se sentem ativamente desengajadas no trabalho que realizam. Além do enorme prejuízo financeira que isso acarreta – correspondente a cerca de R$7 trilhões em perda de produtividade – considere o propósito, significado e vida que são perdidos diariamente no ambiente de trabalho. É um nível de desengajamento muito alto justamente naquilo que poderia significar realização, envolvimento ou conquista.
Os seres humanos não são seres preguiçosos. Pelo contrário: se sentem instigados diante de desafios, de novos aprendizados, ao serem reconhecidos e apreciados. O trabalho permite tudo isso, e também fora dele: esses são os motores que nos fazem praticar um hobby, praticar esportes, jogar videogames ou estar com quem amamos. Não são momentos passivos, como assistir televisão, que registramos em nossas memórias, mas aqueles em que nos envolvemos.
Em geral, reagimos sem pensar a estímulos externos. Eles podem ser as contas para pagar, a rotina de trabalho, o cliente ligando. Vamos simplesmente cumprindo tarefas, e quando nos damos conta não estamos mais conectados com aquilo que fazemos.
Encarar o trabalho apenas como uma tarefa a ser cumprida é abrir mão de viver. É claro, vamos ter dias ruins; mas isso não pode ser rotina. Também não precisamos necessariamente amar o que fazemos; mas é necessário, pelo menos, encarar o trabalho como um meio para o alcance de algo maior ou como uma ponte para que futuramente possamos realizar algo que amamos. Isso gera sentido naquilo que fazemos, nos torna mais engajados e nos deixa no controle de nossas vidas.
Para isso acontecer, precisamos refletir sobre carreira, seja no nível individual ou organizacional. É importante ter claro qual é o nosso Norte (o que não necessariamente significa ter um destino final), para que possamos conduzir nossos esforços nesse sentido. No nível organizacional, é fundamental que as lideranças deixem de gerir pessoas de forma intuitiva ou pautada na tentativa-e-erro, e passem a utilizar o conhecimento científico, técnicas e instrumentos eficazes para se conectar com seus colaboradores, alinhando seus projetos de vida com os objetivos da corporação. Isso comprovadamente amplia os níveis de bem-estar na empresa e sua consequente produtividade e inovação, criando um círculo virtuoso.
É claro que não devemos fingir que o mundo é cor-de-rosa e que temos que ser felizes 100% do tempo que estamos trabalhando. Temos que ter claro de que haverá momentos mais difíceis e outros recompensadores. O engajamento vem quando conferimos sentido àquilo que fazemos, e é o que faz a vida valer a pena ser vivida.
Considerando que o trabalho corresponde a praticamente um terço do que fazemos no nosso dia, é fundamental, portanto, que a gente se sinta realizado. Do contrário estaremos desperdiçando boa parte de nossas vidas.
Essa é nossa causa, esse é o nosso propósito. Contribuir para que as pessoas possam construir carreiras - e vidas - significativas.
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